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Pesadelo do Cáucaso volta a afetar Moscou

 

Da France Presse

O pesadelo dos atentados voltou a abalar Moscou nesta segunda-feira, depois de vários anos de calmaria, despertando temores de que os insurgentes islâmicos do Cáucaso Norte levem sua guerra separatista para o centro da Rússia.


Um duplo atentado suicida executado por mulheres no metrô da capital russa matou nesta segunda-feira 38 pessoas, segundo o último balanço oficial, no ataque mais sangrento ocorrido em Moscou nos últimos cinco anos.


O diretor dos serviços de inteligência russos, Alexander Bortnikov, afirmou que privilegiava a pista dos insurgentes do Cáucaso.


O líder islâmico Doku Imarov, da região caucásica da Chechênia, divulgou recentemente na Internet ameaças de que Moscou seria o próximo alvo dos rebeldes.


Para Alexei Malashenko, um especialista do Carnegie Centre, os atentados poderão marcar o início de uma jihad, a guerra santa, no coração da Rússia.


"Não descarto a possibilidade de terem iniciado a jihad que anunciaram recentemente e com regularidade desde o final de dezembro", declarou Malashenko à AFP.


Também o americano IntelCenter - que observa os comunicados dos grupos insurgentes - apontou a implicação de Umarov. "A versão mais provável é que o grupo por trás do duplo atentado suicida no metrô de Moscou seja o Emirado Cáucaso, dirigido por Doku Umarov", afirmou em um comunicado.


Em entrevista publicada em 14 de fevereiro no site Kavkazcenter, plataforma dos rebeldes, Umarov advertiu que os islâmicos mudariam suas atividades do Cáucaso para o centro da Rússia.


"O sangue não será derramado apenas em nossas cidades e povoados. A guerra chegará a suas cidades", afirmou.


No contexto de uma insurgência que ganha força e violência no Cáucaso Norte, os rebeldes atacam com regularidade as delegacias de polícia e os responsáveis locais em tiroteios e atentados suicidas que a imprensa estatal russa apenas menciona.


"Isso está diretamente ligado à situação no Cáucaso Norte", explicou à AFP Grigory Shvedov, redator-chefe do site Causasianknot. "Voltar a violar os direitos da população faz com que cresça a base de mobilização dos terroristas", considera. "Temos razões para prever mais atentados fora das fronteiras do Cáucaso no futuro", completou.


Em uma tentativa de reforçar seu controle na região, o Kremlin designou em janeiro um novo emissário para o Cáucaso Norte, o influente político e empresário Alexander Jloponin. O presidente russo, Dmitri Medvedev, encarregou Jloponin, nomeado também vice-primeiro ministro, de melhorar a economia da região, afetada pela corrupção e pelo desemprego.


Na opinião de Oleg Orlov, líder da organização Memorial de Direitos Humanos, os atentados no metrô de Moscou são o reflexo de um conflito que segue aberto.


"É um conflito armado que nunca cessou e as ameaças de levar a jihad à Rússia nunca pararam", afirma. "O descontentamento se manifesta através do terrorismo", considera.


Os analistas citaram fatores recentes que podem ter precipidado os ataques, como o anúncio neste mês de que a Rússia matou dois importantes líderes rebeldes leais a Umarov, Said Buriatskai e Anzor Astemirov.


Para Malashenko, o duplo atentado de Moscou é uma "vergonha" por conta das mortes.